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PIX vs. FedNow: As Três Vantagens Competitivas do Sistema Brasileiro Em Relação Ao Americano

PIX vs. FedNow

Conteúdo

Introdução

Os pagamentos instantâneos são uma tendência na era digital que vivemos, oferecendo soluções em tempo real inimagináveis há alguns anos atrás.

Bancos centrais em todo o mundo estão se adaptando a essa mudança, reconhecendo a importância dessas soluções e seu papel crucial na garantia da velocidade, segurança e confiabilidade dessas transações.

O PIX no Brasil e FedNow nos EUA são exemplos destacados dessas iniciativas. Lançados por seus respectivos bancos centrais, esses sistemas têm notáveis semelhanças: eles garantem liquidações imediatas, independentemente do dia ou hora, promovem uma maior inclusão financeira e visam melhorar o cenário de pagamentos dos países.

No entanto, as semelhanças terminam aí. Introduzido há pouco mais de dois anos, o PIX rapidamente se tornou o método de pagamento favorito do Brasil, batendo mensalmente novos records de utilização e com um roadmap claro para o futuro, com a previsão de novas funcionalidades em breve. Em contraste, a recente estreia do FedNow levanta muitas questões sobre sua implementação. Este artigo apresenta três vantagens competitivas que fizeram do PIX um sucesso, mas que provavelmente não serão capturadas pelo FedNow.

 

Contraponto

O PIX foi a primeira rede de pagamentos em tempo real do Brasil, operando 24/7, fácil de usar e totalmente gratuita para transações entre pessoas físicas. Essas características fizeram do PIX uma alternativa bem melhor que as transferências bancárias custosas (TED e DOC) e boletos, que operam apenas durante o horário comercial e muitas vezes levam dias para serem compensados.

Ao se lançar como um contraponto gratuito às soluções existentes, o PIX conseguiu penetrar em segmentos da população que antes eram inacessíveis aos bancos, impulsionando a sua adoção generalizada.

Durante a apresentação do Relatório de Gestão do PIX para 2020 – 2022, Renato Gomes, Diretor do Banco Central do Brasil, afirmou que nos seus primeiros dois anos, o PIX “bancarizou” 71,5 milhões de novos usuários. Esses usuários nunca haviam realizado uma transferência bancária dentro do sistema financeiro nacional. Agora, esses indivíduos podem fazer compras online — um benefício anteriormente limitado aos titulares de cartões de crédito — e usufruir de serviços financeiros como seguros, ofertas de crédito e mais.

Em contraste, nos EUA pagamentos instantâneos já são realizados há algum tempo. Redes como a RTP, um sistema de pagamento em tempo real introduzido em 2017 por um consórcio de bancos, e plataformas como Venmo, Zelle e Cash App já oferecem esse tipo de transação. Assim, fica a dúvida sobre como uma nova solução se comportaria nesse cenário. Como os bancos abordarão os desafios inerentes de interoperabilidade, por exemplo? Por que alguém escolheria o FedNow ao invés do já difundido Zelle?

 

Custos de Implementação

Um motivo crucial para a ampla aceitação do PIX foi a diretriz do Banco Central do Brasil (BCB) que obrigou todas as instituições com mais de 500.000 contas aderirem ao sistema. No seu lançamento, mais de 700 bancos e instituições financeiras estavam prontos para transacionar dentro desta rede.

Mesmo com este quadro obrigatório, o BCB teve sucesso em desenhar uma solução que garantisse uma adoção fácil e econômica para os bancos. O Banco Central do Brasil centralizou toda a infraestrutura, funcionalidades de rede e experiência do usuário. Os participantes apenas personalizaram a aparência de suas interfaces e integraram os seus sistemas existentes.

Outro fator facilitador para instituições menores foi a introdução pelo BCB de um nível primário de participantes chamado de Participantes Diretos, composto principalmente pelos grandes bancos do país. Esses Participantes Diretos integraram-se diretamente aos sistemas do BCB e se tornaram facilitadores do PIX para um segundo grupo de instituições financeiras chamado de Participantes Indiretos. Esse design simplificou a participação de qualquer instituição financeira no sistema.

Já nos EUA, a situação é bem diferente. O FED indica que, na data de lançamento, de um universo de 9.000 bancos e instituições financeiras, apenas 35 bancos e cooperativas de crédito possuíam a infraestrutura necessária para pagamentos instantâneos. Apenas 16 provedores de serviços estavam prontos para auxiliar bancos e cooperativas de crédito no processamento das transações do novo sistema.

Há uma diferença crítica aqui: o FedNow é predominantemente uma infraestrutura de backend. De acordo com Seema Amble, sócia da a16z, em uma newsletter recente , a infraestrutura pode estar no lugar, mas há um trabalho substancial pendente para vincular aplicações a essas bases. Questões como priorização de casos de uso, investimentos tecnológicos, controle de fraude e risco, precificação e interoperabilidade estão entre as principais preocupações das instituições financeiras em relação ao FedNow.

Já Stephany Kirkpatrick, CEO e fundadora da Orum, no podcast Financial Leaders, , refletiu sobre a baixa adesão dos bancos regionais ao “FedNow”. Na perspectiva dela, a transição é mais do que apenas superar obstáculos técnicos para esses bancos. Também envolve adaptar operações para gerenciar possíveis falhas no sistema de pagamentos fora do horário comercial. Ela levantou a questão: “Quem vai lidar com um problema no sistema de pagamento às 2 da manhã de um domingo?” Adotar essa mudança pode ser inviável, especialmente para bancos menores com horas operacionais limitadas.

 

Efeitos de Rede

À medida que a adoção do PIX aumenta, mais usuários são incentivados a se juntar à rede e a criar suas chaves, tornando a rede valiosa para instituições financeiras e outras empresas que querem monetizar suas bases de usuários em crescimento, desenvolvendo novos produtos em cima do PIX. Startups como Addi, Bankly, Stark Bank, Zippi e Glin estão construindo produtos prósperos tendo o PIX como base tecnológica. Isso aumenta o “valor da rede”, pois os usuários têm mais serviços em cima da rede e as empresas têm mais potenciais usuários dentro da rede.

O BCB, por sua vez, também está comprometido com a agenda evolutiva do PIX. De acordo com o recém-lançado Relatório de Gestão do PIX de 2020 – 2022, o plano evolutivo definido para o PIX enfatiza o aprimoramento contínuo e a introdução de novas funcionalidades no sistema de pagamento PIX.



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    O objetivo é refinar o PIX para atender de forma otimizada as diversas necessidades de pagamento de indivíduos, empresas e órgãos governamentais em todo o Brasil, posicionando o PIX como a solução ideal para qualquer transferência ou pagamento no país. Uma das funcionalidades mais aguardadas é o “PIX Automático”, que irá permitir a programação de pagamentos recorrentes mensais.Espera-se que essa inovação beneficie uma ampla gama de setores, incluindo, mas não se limitando a, serviços públicos, instituições de ensino e serviços de assinatura. No campo da segurança, medidas serão tomadas para monitorar de forma eficazmente atividades suspeitas e oferecer dados refinados durante consultas de chave ou usuário, visando fortalecer a prevenção à fraude.

    O relatório também explica que, embora seja reconhecido por sua versatilidade em relação a outros instrumentos de pagamento brasileiros, o PIX ainda não atingiu todo o seu potencial.

    Com usuários dispersos e a baixa adesão, é difícil imaginar qualquer efeito de rede no FedNow, pois os usuários estão distribuídos em redes concorrentes como Zelle, Venmo e RTP. Além disso, a adoção do cartão de crédito é bem maior do que no Brasil, diminuindo o potencial de inclusão, e consequentemente novos usuários, que uma solução como essa poderia trazer.

    Outro fator crítico aqui é que, segundo o Fed, o serviço do FedNow estará disponível apenas para instituições depositárias elegíveis para manter contas no Federal Reserve. Essa regra reduz o número de instituições financeiras que podem aderir ao serviço diretamente e desenvolver seus produtos e serviços usando a rede, diminuindo o potencial multiplicador de mais serviços usando a tecnologia.

     

    Conclusão

    Apesar de terem o mesmo propósito, FedNow e PIX são distintamente diferentes. O PIX se destaca como uma surpresa agradável do setor público no Brasil. O BCB implementou efetivamente uma estratégia que permitiu ao PIX alcançar rapidamente o “product-market fit”, onde o produto claramente resolve uma dor latente do mercado e faz com que ele seja adotado de maneira acelerada.

    Em contraste, o FedNow está em sua fase de validação, com mais perguntas do que respostas. Ele enfrenta uma jornada mais desafiadora, especialmente ao considerar que os fatores que tornaram o PIX bem-sucedido não são tão evidentes nos EUA. Felizmente, não apenas o Brasil, mas também Índia, Reino Unido e Europa têm casos de uso bem-sucedidos que poderiam servir como referências para ajustes potenciais no FedNow. Só o tempo dirá.

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