Aos 25 anos, sem imaginar que teria Dubai como destino definitivo, Lygia Galvão partiu do Brasil em busca de uma oportunidade na Emirates Airlines. O que começou como uma experiência na aviação se transformou em conhecimento sobre o turismo nos Emirados Árabes e, mais tarde, no seu próprio negócio focado em atender brasileiros.
“Foi uma mistura de idade e de não medir muito as consequências. Eu sempre pensei: ‘O que eu vou perder se eu tentar? No máximo, volto para casa’”, conta Lygia sobre sua decisão de embarcar nessa nova aventura.
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Do Brasil aos Emirados
Formada em Turismo, Lygia já havia trabalhado com hotelaria e agências de viagem antes de se mudar. No entanto, sua chegada aos Emirados não foi planejada para o setor turístico. Ela fez um curso de comissária no Brasil e, sem grandes expectativas, se candidatou para a Emirates. Para sua surpresa, foi aprovada e mudou-se para Dubai em 2009.
“A verdade é que eu não sabia nada sobre aviação, só tinha feito o curso. Passei no processo seletivo sem nunca ter almejado ser comissária, muito menos morar em Dubai”, relembra.
No entanto, a rotina de voos longos e horários irregulares não foi algo com que conseguiu se adaptar. “Sou totalmente diurna. Trabalhar em fusos diferentes, voos noturnos, dormir em horários variados… meu corpo não aguentou”, explica.
Foi somente após deixar a aviação que Lygia começou a entender o mercado de turismo local. Com os voos diretos da Emirates entre São Paulo e Dubai, brasileiros começaram a passar cada vez mais pela cidade, seja como destino final ou em conexões para China, Japão e outros países asiáticos.
“Eu não sabia muito sobre Dubai, mas os brasileiros já sabiam. Muitos passavam por aqui e eu percebia esse movimento crescente”, lembra.
Oportunidade no turismo e os primeiros passos como guia
Com o olhar atento às oportunidades, Lygia identificou um nicho pouco explorado: o turismo receptivo para brasileiros em Dubai. Na época, havia poucos guias que falavam português, e as agências locais não conheciam a fundo as necessidades dos turistas brasileiros.
Ela decidiu então se especializar e tirou licenças de guia em Dubai e Abu Dhabi. Trabalhando diretamente com os viajantes, passou a entender os gostos e preferências do público brasileiro, como a busca por hotéis próximos a shoppings, café da manhã farto e a importância de um atendimento personalizado.
“O brasileiro, em geral, não fala inglês. Então, pequenos detalhes fazem toda a diferença, como indicar hotéis com funcionários que falam espanhol ou ajustar roteiros para um ritmo mais descontraído”, explica.
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A decisão de empreender e criar a própria agência
Após adquirir experiência no atendimento ao público e na operação de passeios, Lygia percebeu que podia ir além e fundar sua própria agência, a Lygia Galvão Tours.
A motivação principal foi poder oferecer um serviço feito sob medida para brasileiros, algo que sentia falta quando trabalhava em uma operadora local. “Trabalhar em uma empresa de outra nacionalidade me fez perceber que eles não entendiam completamente o público brasileiro. Eu queria receber as pessoas do jeito que achava certo”, destaca.
Assim, a transição para empreendedora foi natural. O conhecimento adquirido como guia e operadora ajudou na criação de um negócio focado na experiência do cliente. “Comecei como autônoma, e conforme a demanda cresceu, montei uma equipe para manter o padrão de atendimento”, explica.
Hoje, sua agência atende exclusivamente brasileiros, oferecendo pacotes personalizados, passeios e suporte completo desde a chegada ao aeroporto até a hospedagem e tours exclusivos.
Desafios da maternidade e do empreendedorismo
Além do desafio de comandar uma empresa, Li equilibra sua rotina de trabalho com a maternidade. Ela tem duas filhas, Mariana, de cinco anos, e uma bebê de cinco meses, ambas nascidas nos Emirados Árabes.
“Ser mãe e empreendedora é minha atividade diária. Às vezes, estou em uma reunião com uma mamadeira de um lado e um e-mail aberto do outro. Mas é assim que funciona, e a gente segue em frente”, comenta.
Nos Emirados, estrangeiros não têm acesso a serviços públicos de saúde e educação gratuitos, o que exige planejamento financeiro para garantir uma boa qualidade de vida.
“O custo de vida é alto, mas há um retorno. A educação da minha filha é internacional, ela convive com crianças de diferentes nacionalidades e aprende várias culturas desde cedo. Para mim, isso não tem preço”, afirma.
O impacto da pandemia e a retomada do turismo
Como todo empreendedor no setor de turismo, Lygia enfrentou momentos difíceis durante a pandemia da COVID-19. O fechamento de fronteiras e a paralisação dos voos zeraram a receita da empresa.
“O turismo é um setor frágil. Nós vivemos de momentos bons, mas qualquer crise impacta diretamente o fluxo de viagens”, reflete.
Com a reabertura, Dubai foi um dos primeiros destinos a retomar o turismo, o que ajudou a empresa a se recuperar rapidamente.
“Em 2021, enquanto a Europa ainda estava fechada, Dubai virou o principal destino dos brasileiros. Nunca trabalhei tanto”, conta.
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O futuro da Lygia Galvão Tours
Para o futuro, Lygia pretende expandir sua empresa, oferecendo serviços em outros destinos e atendendo turistas de diferentes nacionalidades.
“Já estamos estudando novos mercados e possibilidades de crescimento. Dubai é um hub global, e queremos levar essa expertise para outros lugares”, revela.
Conselho para empreendedores
Quando questionada sobre que conselho daria para quem deseja empreender no turismo, especialmente mulheres e mães, Lygia reflete:
“Persistência e consistência são fundamentais. O sucesso não vem do dia para a noite, mas se você fizer um trabalho bem feito e focado na qualidade, o reconhecimento vem. E, acima de tudo, não tenha medo de arriscar. Se não der certo, sua casa sempre estará lá para você voltar”, finaliza.
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